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Pedalada de fé: ciclista curitibano vai de bicicleta até Aparecida do Norte
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Namir Fernando/Arquivo Pessoal
Namir Fernando durante sua peregrinação a Aparecida do Norte: fé sobre duas rodas.

Qual o limite da fé? Para o ciclista curitibano Namir Fernando, ter fé significa justamente testar esses limites. Devoto de Nossa Senhora Aparecida, ele foi pedalando de Curitiba até o santuário da padroeira do Brasil. Percorreu 655 quilômetros em apenas quatro dias.

A idéia de fazer essa viagem em uma bicicleta, conta Fernando, surgiu após ter acompanhado sua esposa em uma excursão até o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida.

“Notei que a estrada é boa, então tracei a rota e preparei todo o material necessário para a viagem, sem esquecer o mais importante: a fé!”, diz.

Para chegar a Aparecida, seu plano inicial era percorrer 150 quilômetros por dia. “Quando você se propõe a fazer algo e consegue, é uma vitória emocionante. Digo vitória pois são várias batalhas a serem vencidas: a dor, as dúvidas, a saudade e a ansiedade da chegar”, explica.

Saindo de Curitiba, ele percorreu 160 quilômetros no primeiro dia e 211 quilômetros no segundo dia. À noite, contava com a sorte em busca de um abrigo na casa de desconhecidos. Mesmo assim não recorreu à Santa para ajudá-lo nesse sentido.

“Eu rezo o terço todos os dias, mas na viagem eu não rezei. O motivo eu não sei. Não gosto de fazer nada forçado, então não rezei”, justifica.

Namir Fernando/Arquivo Pessoal
“Preparei todo o material necessário para a viagem, sem esquecer o mais importante: a fé”

No terceiro dia, reduziu a distância para 106 quilômetros para poder cruzar a cidade de São Paulo, até então totalmente desconhecida para ele. Mas a impressão que ficou foi das melhores. “São Paulo é uma cidade de pessoas de uma receptividade fora do normal. Uma das coisas que não vou esquecer nunca. Já estive em muitos lugares e dificilmente encontrei povo amável e que te recebe tão bem”, afirma.

Fernando lembra que já passavam das 22 horas quando conheceu um senhor e sua esposa, que o convidaram para pousar em sua casa. “O filho deles tinha se casado uma semana antes e o quarto estava vazio”, recorda.

No quarto e último dia, o ciclista fez o trecho mais longo da viagem: 178 quilômetros. “Muitas pessoas que encontrei na estrada diziam que, para elas, sair de casa e percorrer de carro o seu bairro ou ir visitar parentes próximos era um sacrifício grande. Ao me verem fazendo aquilo, algumas se emocionaram. Vi três pessoas chorarem só por eu contar para elas o motivo da minha viagem”, conta o ciclista.

E o motivo, claro, é a fé. “Sou devoto de Maria, Mãe de Jesus, primeira a nos mostrar a fé e a seguir Jesus. Sou devoto de tudo o que ela representa: a força dos humildes, os escravos, a mulher, as crianças, os velhos e o sofredores”, declara.

Fernando explica que faz da bicicleta o veículo para superar seus limites. “As pessoas acham que tem limites, mas nada pode nos limitar nesta vida. O único limite é aquele que nós impomos a nós mesmos. Eu uso a bicicleta para superar os limites impostos. A bicicleta me dá todos os dias motivos para me envolver em pensamentos otimistas e me ajuda a apartar as ideias ruins”.

Em Aparecida, Fernado foi recebido por uma amiga ciclista e sua mãe, que, como diz, o recepcionaram com “pompas de atleta”.

“Muitas pessoas na estrada me paravam para perguntar de onde eu vinha e para aonde eu ia. Tudo isso está marcado na memória”, afirma.

Sobre a emoção ao chegar na cidade da padroeira, ele é sucinto: “Fiquei olhando por uma hora, quieto, só escutando a cidade”.

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