“Vou votar enquanto estiver vivo”, diz eleitor de 100 anos

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Desde que o paranaense Laurindo Soares de Gouveia votou pela primeira vez, vinte e um presidentes, além de uma junta militar provisória, já passaram pela Presidência da República do Brasil. Nascido em Clevelândia, Sul do estado, no dia 6 de julho de 1911, Gouveia é uma testemunha da história política do país, acompanhando os movimentos revolucionários, os governos militares, a redemocratização, o impeachment, a alternância no poder e os escândalos que surgem quase diariamente.

Com 100 anos completos no início do mês, Gouveia não é mais obrigado a votar. De acordo com a legislação, o comparecimento às urnas é obrigatório para quem tem entre 18 e 70 anos. Mesmo assim, ele faz questão de votar.

Com uma lucidez de dar inveja, Gouveia conta que nunca deixou de comparecer. "Não consigo me lembrar de nenhuma ocasião, mesmo por motivo de doença, que tenha me feito perder a chance de votar", disse.

O primeiro voto de Gouveia ocorreu em 1930 aos 19 anos. O candidato dele, Getúlio Vargas, saiu derrotado no pleito, mas ocupou o cargo assim mesmo. "Ele foi levado à força ao poder pelo povo", disse. Na época, ele era filiado ao PTB, partido de Vargas, mas desanimado com os rumos da política decidiu sair da legenda.

Mudou-se para Curitiba em 1956, trabalhou na Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA) e se aposentou em 1968. Viúvo há 17 anos, Gouveia sempre fez questão que a esposa e os cinco filhos não faltassem a nenhuma eleição. "Faço isso por uma questão de compromisso com meu país. Eu voto porque eu gosto e vou votar enquanto estiver vivo", afirmou.

Gouveia ainda guarda com orgulho seu primeiro título de eleitor, hoje um papel amarelado, mas que para ele é um registro de parte de sua história de vida. O aposentado já garantiu a presença nas próximas eleições, em outubro de 2012, quando serão eleitos prefeitos e vereadores. Na terça-feira (12) ele esteve na Central de Atendimento ao Eleitor de Curitiba para efetuar seu recadastramento biométrico.

O aposentado conta que ficou admirado com a evolução da tecnologia desde seu primeiro voto. "Primeiro era a cédula de papel, depois veio a urna eletrônica e agora esse novo sistema. Quanto mais segurança melhor".

Questionado sobre a boa forma física para quem já viveu um século, ele afirma que seu segredo é fazer caminhadas diárias no Parque Bacacheri. Também largou o cigarro e o consumo de álcool. "Cheguei a fumar quatro maços por dia, mas isso estava me matando e eu resolvi parar", contou.