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Crédito: Jonathan Campos
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Crédito: Jonathan Campos

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Tinha tudo para ser uma campanha de primeira no Paraná. O candidato que tenta a reeleição é figura prestigiada da oposição nacional. Os principais oponentes não ficam atrás: um administrou o estado por três mandatos, a outra ocupou a gerência do governo federal por dois anos e meio.

O alto nível, por enquanto, ficou só na expectativa. Cada evento que reuniu Beto Richa (PSDB), Gleisi Hoffmann (PT) e Roberto Requião (PMDB) primou pelo ambiente de constrangimento. O ápice foi o debate da última quinta-feira na Bandeirantes.

Na primeira pergunta que fez, Requião logo chamou o tucano pelos dois primeiros nomes, Carlos Alberto. Na sequência, disse que o adversário não gosta de acordar cedo, vive bronzeado (de onde sai o tempo para ficar na piscina?) e é mal criado. Richa retrucou chamando o peemedebista de mentiroso das mais diversas formas e até arriscou um “mitômano”.

Oito anos antes, quando quase não segurou a virada de Osmar Dias (PDT), Requião havia ficado desnorteado (não se sabe muito bem o porquê) quando Osmar passou um debate inteiro o chamando de candidato Mello e Silva, em referência ao final de seu sobrenome. Semana passada, Richa nem falou o nome de Gleisi, a tratou apenas como candidata do PT. No revide, a petista tirou do bolso um novo apelido para o governador – “Kinder Ovo”, alusivo às dezenas de vezes em que já disse ter sido “pego de surpresa” por uma má notícia do próprio governo.

É fato que a ironia faz parte do jogo e tem o seu papel para atrair a atenção da população. Mas deveria ser um recurso para realçar pautas de real interesse público.

Essas aí existem aos montes e quase sempre envolvem problemas do mundo real dos eleitores. Há pelo menos quatro assuntos quicando que renderiam um debate cada. São eles: o descumprimento dos 12% do orçamento para a saúde, o baixíssimo índice de investimentos públicos (tanto da União quanto do estado), a crise que levou o Paraná a dever R$ 1,1 bilhão a fornecedores no começo de 2014, a péssima relação federativa que existe há mais de uma década entre o Curitiba e Brasília.

Quando Gleisi, por exemplo, perguntou a Requião sobre a aposentadoria de R$ 29 mil que recebe como ex-governador, poderia ligar o fato a mais uma contribuição para o desequilíbrio nas contas do estado. E mais: o que ela propõe para evitar que esse tipo de benesse seja extirpada, doa a quem doer. Debate público útil deve abordar tanto o diagnóstico de problemas como a oferta de uma solução – qualquer um pode ser especialista em apontar os erros, o duro é que existem poucos craques dispostos a resolvê-los.

Comparando com o futebol, o que se viu até agora no confronto entre Gleisi, Requião e Richa são três times montados apenas para não deixar o oponente jogar. Algo como um torneio só entre times treinados por Felipão, Dunga e Celso Roth, cheio de zagueiros e volantes, sem nenhuma inspiração para marcar. O hino dos três poderia ser o jingle que já é utilizado por Requião, o “taca-lhe pau”.

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