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A pior profissão do mundo?
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Se o trabalho dignifica ou enobrece o homem, ainda paira uma dúvida razoável. Uma coisa, porém, é certa: há profissões que enganam à primeira vista. Caso do guia de turismo. Aparentemente, vive na flauta, recebendo para passear e rodar o mundo. Há que se ver, no entanto, o outro lado da moeda: aguentar turista não é fácil. Isso no Louvre ou no Museu do Olho, tanto faz.

Paris x Nova Iorque

De seus tempos de viajor, professor Afronsius anotou alguns disparatados comentários. Como o do cabôco que se perdeu em Paris ao tentar chegar por conta própria à estação do metrô. Resgatado, desancou, ofegante:

– Civilizada mesmo é Nova Iorque. As ruas não levam nomes complicados como Rue de Vaugirard e, pasmem, Rue Vasco de Gama! Nova Iorque usa números… qualquer um entende.

Ainda em Nova Iorque, após um passeio, retorno ao hotel, alguém lamenta e critica:

– Que fiasco! A Estátua da Liberdade me deixou frustrada. É pequenininha. Pensei que fosse maior que o Cristo Redentor…

O guia não resiste:

– A estátua mede 46,50 metros, 92,99 metros incluindo o pedestal. Já o Cristo Redentor tem 38 metros de altura, oito estão no pedestal e trinta na estátua. Agora, se você adicionar o Morro do Corcovado, com seus 710 metros de altura…

Cortina de celulares

Museu do Louvre. A tentativa de apreciar Mona Lisa. Com a calma que o momento e a circunstância exigem. Um matagal de celulares, máquinas fotográficas e outros bichos na frente.

Lá pelas tantas, ouve-se claramente:

– Nossa, o coitado do Leonardo dormiu no ponto! Esqueceu de pintar a sobrancelha da Gioconda! Que mancada lamentável…

Sobre a ausência de sobrancelhas, o guia tenta justificar, na saída: na época da Renascença, séculos XV e XVI, era costume raspar os pêlos do rosto. Essa é a explicação mais aceita, mas há outras, como a de que Leonardo, no retoque final, teria pincelado as sobrancelhas sobre a tinta já seca do rosto. E lá pelo século XVII, num trabalho de restauro, aplicaram um produto errado, que acabou dissolvendo aquele ponto da pintura. Quanto à suposição de que Mona Lisa seria um rapaz, vem uma breve aula de história:

– Com o tal enigmático sorriso, Mona Lisa foi inspirada em uma modelo de nome Lisa Gherardini, que começou a posar em 1503. O Brasil tinha 3 anos de descobrimento. A cidadã era a terceira esposa do mercador florentino Francesco Del Giocondo, 19 anos mais velho, segundo as más línguas. A Gioconda, La Joconde em francês.

Da sala para o banheiro

Leonardo da Vinci levou 4 anos executando o trabalho e jamais chegou a concluí-lo como desejava. É que Francesco Del Giocondo, impaciente com a demora, proibiu sua mulher de continuar posando – e deu o cano, não pagou o serviço. O quadro seria colocado numa sala, mas acabou num banheiro. Banheiro do rei francês Francisco I, que comprou pintura. Pagou o equivalente a 15,3 quilos de ouro.

A pintura, até onde foi possível ver, ao vivo e a cores, tem 77 centímetros de altura por 53 de largura.

De qualquer modo, é uma das grandes obras de arte produzidas graças ao mecenato.

– Mecenato? Era algum curso de desenho por correspondência?

Já na Pirâmide de Gizé, o guia chama a atenção de um jovem turista:

– Por favor, retire o modernoso chiclete que você amassou com os dedos e deixou grudado num bloco de calcário que tem 4.500 anos. Pelo menos.

Curitiba, Centro Cívico. O guia, coitado, é inquirido:

– Por que o Museu Oscar Niemeyer é chamado Museu do Olho, hein?

Daí a eterna afirmação de Beronha, nosso anti-herói de plantão:

– Nenhum tipo de trabalho nunca me atraiu. Além de chato, é altamente cansativo.

Já Natureza Morta segue à risca uma decisão tomada na primeira viagem ao exterior, numa excursão:

– Só viajo sozinho. E não abro o bico, nem a pau, Juvenal!

ENQUANTO ISSO…

21 setembro

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